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PARTE 6 - Bibliodiversidade, representatividade e democracia: uma singela reflexão

  • leticiasilveiramz
  • 10 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Lendo mais sobre o conceito de bibliodiversidade, termo muito discutido, principalmente pelo professor Haroldo nos últimos encontros, passei a compreender esta ideia - até então desconhecida por mim - que não diz respeito somente ao número de produções editoriais. Muito além disso, me permite pensar sobre democracia, pluralidade e as identidades e representações culturais.


Citando a definição dada pelo Wikipédia, também utilizada no texto "O Jabuti e a Bibliodiversidade", do professor Haroldo Cerávolo Sereza: "'Bibliodiversidade' se refere à necessária diversidade das publicações a serem disponibilizadas aos leitores em determinado contexto". Partindo dessa perspectiva, então, significa que bibliodiversidade diz respeito somente à diversidade dos projetos editoriais? Na realidade, não. Conforme muito bem explicitado por Haroldo no texto citado acima - quando ele apresenta a enorme desigualdade existente entre as editoras para, simplesmente, concorrem ao prêmio Jabuti - defender a bibliodiversidade é defender a liberdade e, consequentemente, a democracia.


Sabemos que, se estamos falando de mercado editorial, estamos entendendo todo sistema capitalista por trás dos processos que fazem do livro, um produto. Diante disso, não é difícil imaginarmos a grande luta de poderes existente nesse meio, já que sabemos que as grandes editoras controlam a grande maioria das publicações consideradas de prestígio no ambiente editorial, não somente literário mas também acadêmico. Por isso é tão importante defendermos a bibliodiversidade: é necessário que priorize um equilíbrio entre os grandes e os pequenos, para que haja, de fato, um debate democrático sobre o livro e a leitura.


Outra questão de extrema relevância para este tema, é a representatividade que essas obras carregam. Partindo das perspectivas das histórias infantis, qual o efeito dessa grande circulação de histórias de princesas brancas em seus castelos, em busca de um príncipe branco encantado salvador? Se estamos falando em liberdade, democracia, identidade e pluralidade, é fácil pensarmos que existem um milhão de temas a serem discutidos nas histórias infantis, que não apenas a futilidade da busca pelo "amor verdadeiro". Mesmo assim, sabemos que essas histórias sempre vendem, em qualquer formato, já que fazem parte de uma cultura que perdura por séculos a fio. Logo, é importante pensarmos: como os contos de fadas seriam contados se se preocupassem com as representações?



Quais crianças se sentirão representadas por essas princesas? O que essas histórias estão contando à elas? Quanto menor a representação, menor a leitura. Ou seja, quando elas se sentem representadas e compreendidas, suas buscas pela leitura serão muito maiores e mais frequentes! Logo, além do fato de defender a ocupação dos espaços por editoras menores, a bibliodiversidade é importante para compreendermos que os livros - independente de sua materialização - carregam neles uma enorme carga de representações e identidades, fato que pode trazer ao universo cultural do livro, muito mais admiradores.


Por isso, no meu ponto de vista, falar sobre bibliodiversidade é falar sobre democracia. Se estamos dando espaços para editoras menores e abrindo os debates sobre os temas e modos em que serão tratadas as mais diversas histórias, estamos permitindo também a existência de um maior número de publicações, e, consequentemente, mais vendas. Com isso, acredito que não somente para mantermos os debates democráticos, apoiar a bibliodiversidade é, também, pensar na produção editorial de livros de modo que eles vendam sempre mais histórias diversas e plurais!


Até a próxima!

Letícia

 
 
 

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